As paredes do
restaurante Bar Palácio parecem um céu estrelado com tantos prêmios recebidos
dos mais influentes e exigentes guias nacionais de gastronomia, como as
cobiçadas estrelas do Guia Quatro Rodas e os prêmios das revistas Gula, Gosto,
Vejinha e Bom Gourmet. Dois livros foram escritos especialmente sobre ele. “O
Folclórico Palácio”, por Valério Hoerner Júnior (1984); e “Bar Palácio – Uma
História de Comida e Sociabilidade em Curitiba”, por Mariana Corção (2.012).
Suas dependências chegaram a ser cenário de cinema, no filme “O
Estômago”.
O Palácio escreve uma
história de êxito reconhecido desde 1.930. Mas a glória dos últimos 60 anos é
obra do talento de seu proprietário e gestor, o restaurateur José
Fráguas López, o famoso Pepe.
Pepe deixou sua terra
natal, na região de Pontevedra, Galícia, aos 23 anos, para chegar a Curitiba em
1955, com sua esposa Adelina. O sogro, Antonio Humia Durán, dono do
estabelecimento, o havia convidado para trabalhar com ele. Em Curitiba nasceriam
os filhos de Pepe e Adelina, Conchita e Francisco.
O desafio era grande,
porém maior o entusiasmo do jovem. O que parecia impossível aconteceu.
Assumindo integralmente a Casa em 1962, Pepe multiplicou seu êxito.
Território livre e
acolhedor de todos, o salão do Palácio tem ares casuais, equipado com grelha à
vista. Conta com a excelência da comida, suavidade e precisão do serviço.
Aberto das 7 da noite às 3 da madrugada (antes ia até as 5), único nesse
horário em Curitiba há 92 anos.
Surpreendente, tem
churrasco, mas não é churrascaria; tem pratos da grande cozinha, mas não é de
luxo; tem pratos brasileiros e típicos, mas não é regional; tem massas, mas não
é restaurante de massas; tem um cardápio variado, mas uma forte identidade
própria. Em suma, o Palácio é o Palácio, com sua cozinha saborosa e de
personalidade.
Frequentado por
artistas, intelectuais, políticos, jornalistas, por suas mesas desfilaram e
desfilam nomes ilustres que encheriam estas páginas. Vale a lembrança de
alguns, como Francisco Alves, Procópio Ferreira, Chico Buarque de Holanda, Elis
Regina, Nelson Gonçalves, sem falar no cineasta Francis Ford Copolla.
Os pratos que
deliciaram tantos frequentadores são servidos desde 1930 até hoje com o mesmo
sabor. Pepe valorizou o gosto, que deixa a vontade de retornar e querer mais. A
receita vicia, é o divino vício da boa mesa.
São emblemáticos o
Churrasco Paranaense (filé em “t”, servido com o “rabo”), o Mignon à Griset
(nesta ou noutras receitas sempre do melhor da cidade), o Frango à Crapoudine
(assado na brasa, receita que faz parte da Bíblia da gastronomia, o Guide
Culinaire de Auguste Escoffier) e a surpreendente sobremesa Mineiro de
Botas, flamejante à mesa, de sabor inigualável, com goiabada e banana.
A receita de Pepe é
manter o padrão bem sucedido. O Palácio nisto se parece com o Champagne:
ambos atraentes e universais em qualquer época.
Pepe fez do Bar
Palácio um verdadeiro consenso quanto à arte de bem comer. Sintetizando a
atração sobre o apetite dos fregueses, o urbanista, ex-prefeito de Curitiba e
ex-governador do Paraná, Jaime Lerner, contava que, ao sair com amigos, na hora
de decidir o restaurante, ninguém discordava quando surgia a ideia de jantar no
Palácio. Também o chef Celso Freire, pioneiro e referência maior da alta
culinária contemporânea em Curitiba, confessa sua mania: - É um dos lugares
onde termino a noite, onde sento para pensar no dia seguinte. É o meu reduto.
Completa, narrando que gostava de ver o Pepe cuidando de tudo, um maestro
regendo a orquestra bem afinada.
Responsável pela arte
da gestão do sucesso do Bar Palácio, assim como a Casa a que dedicou sua vida
de trabalho e paixão, Pepe é consenso: exemplo incomparável de restaurateur
bem sucedido.
Por Guilherme Rodrigues, Advogado e Colunista do Bom Gourmet
Como foi a escolha do homenageado
Por sugestão do comitê de jurados do Prêmio Bom Gourmet, prestamos homenagem ao restaurateur José Fráguas López, o Pepe, à frente do icônico restaurante Bar Palácio nos últimos 60 anos.